sábado, 14 de março de 2020

Somos árvores!

É urgente partilhar convosco o receio que sinto.

Precisamos ficar em casa.
Queria tanto ir para outra casa. Queria poder ir para a casa no campo, para que os meus filhos pudessem ter mais ar livre, pudessem correr no quintal. Mas não vou! Vou ficar com eles na nossa casa, na cidade onde escolhemos viver.

As minhas raízes não estão em Lisboa. E eu queria ir ter com as minhas raízes.
Queria sentir a segurança de estar perto delas, onde nada de mal pode acontecer.
Mas é preciso perceber que o mal podemos ser nós. Não sabemos e não fazemos com intenção, mas se formos para perto das nossas raízes podemos estar a adoecê-las.

É imperativo que entendam que ao invés de cortar o mal pela raíz, podemos estar só a prejudicá-la. E é tão importante que essas raízes se mantenham saudáveis.

Fiquem em casa, não vão para a terrinha. Há tantos locais neste país que ainda não tem qualquer registo de pessoas infectadas, não sejamos nós o veículo desse problema.

A família é como uma árvore com galhos que cresce em diferentes direções mas que tem a mesma raíz.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Já ninguém escreve em blogues, mas hoje...

Somos feitos de caminho
e já andamos nisto há tanto tempo.
Por vezes até deixo de contar,
já temos mais vida juntos que separados.
Mas hoje conto tudo, porque tudo conta,
é verdade que cruzámo-nos há 23,
juntámo-nos há 21,
e casámo-nos há 11.
Foram muitos passos,
muitos saltos e muitas cicatrizes
até chegarmos aqui.
















É que o caminho faz-se a caminhar...

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Deseperadamente!

Ando à procura da minha sanidade mental...
É tal o grau de loucura que se me assoma ultimamente que, no outro dia, dei por mim a ler um livro num parque de estacionamento subterrâneo.

Não me venham com histórias que isto é tudo um mar de rosas. A verdade é que a rotina familiar dá-me cabo do sistema nervoso. Não há dia em que não pense que estou a virar frangos. É jantar, banho, deitar e invariavelmente, adormecer na cama de um deles. Não consigo ter um bocadinho para ver o telejornal, para estupidificar em frente à TV (quando consigo tamanha proeza adormeço num ápice) ou até para ler umas páginas de um livro novo.

O que torna tudo ainda mais desafiante é quando os míudos não páram de falar sobre coisas que não interessam por aí além. Uma pessoa já chega cansada e depois ainda leva uma ensaboadela de termos e curiosidades futebolísticas, acrescido de quizzes espontâneos que só me provocam azia e vontade de gritar:

-ARRE! Mas TU ainda não percebeste que EU não percebo NADA disso???????

Só que não! Acabo sempre a fazer o papel de:

- Ai é? A sério? Ooohhh! que giro! Não fazia ideia!
(mas isto vezes sem conta num espaço de 10 minutos e a verdade é que devo reter 1% da informação)

Depois ainda levo com mais umas esfregas de episódios de Clara (Conni na versão original) e mais uns bye bye borboletinha e gato noir e lá dou por mim a fingir que sou a Marinette. E quando esta Marinette diz que são horas de tomar banho, volta e meia dá chatice! Lá se vai o papel anterior e aparece o de Madrasta Má que tem que pôr ordem na rebalbúrdia.

E é desta forma que o meu vocabulário vai ficando cada vez mais pobre e viciado. Só consigo falar em cabritos, letras, remates, borboletas, fadas, joãos pestana, falcões traça, coutinhos e cristianos, selecções "o Portugal" e blá blá blá, mais umas quantas coisas sem interesse.

HELP!!! I need somebody...


... HELP! Not just anybody!

(Help me if you can I'm feeling down
and I do appreciate you being around)


sábado, 21 de abril de 2018

Devaneios de cientista

Da mesma saga de devaneios de artista, chega agora devaneios de cientista.

O Jaime é tão curioso, que há algum tempo, enquanto domava a sua "juba" com gel e se observava ao espelho, perguntou-me sem quaisquer introduções ou contexto POR QUE RAZÃO O ESPELHO REFLETE?

WTF? Mas porque é me calham sempre estas perguntas?

Desta feita, após tantas sugestões aquando do dilema das nuvens, resolvi tentar seguir o caminho mais fácil e dar uma resposta que parecendo óbvia, não explica rigorosamente nada.

É simples, respondo. Porque tem um índice de reflexão muito elevado.

Ou seja, ficou na mesma e insatisfeito. Após pesquisar entre diferentes membros da família e ainda sem compreender bem qual a razão, a melhor solução foi "googlar" a sua dúvida.

Na realidade, o espelho é composto por uma camada fina de prata colocado na parte posterior de um vidro. A prata, como todos sabemos, reflete, logo...

... 

logo tem um índice de reflexão muito elevado e...

... que tal irmos ao pavilhão do conhecimento, hein?





Devaneios de artista!


Há dias trouxe um livro novo para a Clara. Chama-se "Eu sou um artista" e é o seu novo livro favorito. Tenho para mim que a personagem principal foi concebida a pensar nela. Devaneios de Salvador Dali estão presentes a toda a hora. É tamanha a criatividade que até o teclado e ecrã do meu estimado Mac, onde escrevo de momento, estão riscados.

O pequeno artista deste livro, ao ver a mãe tão cansada e nervosa, resolve fazer-lhe uma mega obra de arte e intitulá-la de "Ode à minha mãe". Penso que a Clara está ao mesmo nível e também gosta de fazer "odes à sua mãe" diariamente. 

Só nesta semana, tivemos uma performance na cozinha em que a pequena rodopiava sobre pequenos flocos de chocolate (chocapic) espalhados na superfície preta (azulejos da cozinha) salpicados por pequenos apontamentos de prata (folha de alumínio amarfanhada em bolinhas). 




No dia seguinte, tivemos o privilégio de ter uma instalação na casa de banho pequena. Acho que a legenda dizia "sensação de suavidade e hidratação, mesmo em superfícies inanimadas". Isto significa qualquer coisa como gel de banho despejado do frasco em paredes, chão, tampo da sanita, etc. Quando pedimos a explicação para tamanha obra de arte, explicou-nos que afinal só queria lavar o seu bebé, estava sujo!!!!!

Também já nos deparámos com rolos de papel higiénico inteiros enfiado na sanita.

Eu que nem sou míuda de batons, tinha apenas um baton vermelho, tinha. Esse acabou cobrindo toda a sua face, paredes do meu quarto, a cadeira Eames de baloiço e uma arca de lençois.

Cremes da cara ou do corpo, acabam sempre a ser despejados onde quer que seja.

debaixo da cama com creme do corpo


Os pensos rápidos cá em casa não duram três dias, porque são sempre bons acessórios para o outfit do dia.



E nisto prevalece uma ambiguidade de sentimentos, onde tanto nos dá para rir, apreciar, ralhar ou até vontade de chorar. Especialmente, quando são surpresas matinais e temos que nos despachar.

Até onde irá esta sua veia artística?

domingo, 18 de março de 2018

Há dias...

Há dias em que nos zangamos os dois e só vemos tempestade.

Há dias em que gritamos horrores e dizemos barbaridades incalculáveis.

Há dias em que não conseguimos vislumbrar mais além e perguntamos porquê?

Há dias em que só nos apetece fugir e não ter de enfrentar.

Há dias em que em vez de falar, só lançamos raios e coriscos.

Há dias em que o inesperado acontece e o nosso filho pergunta de forma tão espontânea e inocente:

"- Como é que se apaixonaram?"

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Shame on me!

Já não escrevo há mais de um mês!

Mas o que é que se passou?

Tudo! Passaram-se todos à minha volta e eu também!

Estou num processo de aprendizagem sobre métodos organizacionais, cujo o tema principal baseia-se em como conseguir fazer tudo a que nos propomos e chegar ao fim do dia sem ter a cabeça feita em caldo.

Ao acordar estou cheia de energia, mas ao fim de 15 minutos já só me apetece puxar cabelos, gritar, espernear e dar-me ao luxo de fazer birras.

Logo pela fresquinha, pelas 7h30m da manhã, a Clara começa logo a dar os seus ares de prima-dona. Quer-se vestir sozinha ou então gosta só de se fazer valer e "obriga-me" a estar 10 minutos sentada à sua frente para me poder fazer penteados a.k.a. arrepelar centenas de vezes até gritar e lhe dizer que já chega. Aí ela pede-me 20 "excupas" e dá-me 50 beijos.

Depois vamos tomar o pequeno-almoço e só quando já estamos bem instaladas é que aparece o Jaime. Vem sempre com o seu ar sonolento e pachorrento, de quem vai demorar eternidades a despachar-se. Depois de terminada a nossa primeira refeição, segue-se um turbilhão de ordens:

Jaime, vai-te vestir!
Clara, vamos tirar essa roupa e vestir uma mais adequada para estes dias de frio (que a saia de tule não protege)!
Jaime, veste a camisola!
Clara, pára quieta!
Clara, pára de cortar os desenhos do teu irmão!
Jaime, pára de embirrar com a Clara!
Raios, não se chateiem logo de manhã!
Jaime, veste as calças!
Jaime, vai-te calçar!
Clara, calça-te!
Venham lavar os dentes!
Venham lavar os dentes!
Venham lavar os dentes!
Clara, anda lavar os dentes!
Jaime, toma lá a escova e lava os dentes na cozinha!
Clara, vá lá, faz boca de zebra!
Boca de macaco?
Boca de sapo?
Boca de hipopótamo?
Boca de ratinho?
Porra! Abre o raio da boca para te lavar os dentes!


E enquanto lhe escovo os dentes ainda tem a capacidade de me fazer espumar mais um bocadinho:
Clara, não abras a caixa nova da pasta de dentes! Clara, não tires a tampa! Clara, NÃOOOO! Claaaaraaaaaaa, NNNNNNNÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOO! Não espremas o tubo novo de pasta! SHHHHHHHPPPPPLLLLLHHHHHCCCCCC! Lá se foi um terço do tubo novo da pasta de dentes! Fogo, Clara!!! Não é não! NÃO É NÃO! NÃO É NÃO! E depois repito este mantra até à exaustão!!!!

E eis que chega a hora de VESTIR CASACOS! logo em tom militarista.
Finalmente saímos de casa, vamos a pé até à escola e depois dos beijinhos, vou começar o dia.
Alto lá, pois estou pronta para ir enterrar a cabeça na almofada novamente! Chiçaaaaa que é demais!!!!!!