Não marquei o dia.
Eu não marquei o dia e arrependo-me. Se pelo menos já tivesse recomeçado a escrita aqui, certamente teria relatado o acontecimento.
O dia em que levei a nova bicicleta a.k.a supermota para o meu local de trabalho atual, a primeira vez.
Lembro-me de ter testado um percurso, num domingo à tarde, na companhia do meu ciclista favorito. Fizémos um caminho longo, mas com pouca inclinação. Não fiquei muito convicta de que tinha sido um bom investimento. Afinal, demorava mais 10 a 15 minutos que de carro a completar o trajecto.
Numa segunda-feira de fevereiro ou março de 2017, quando realmente fui sozinha, no meio do caos do trânsito de Lisboa, resolvi fazer um percurso mais curto, mas com bastante mais inclinação e talvez um pouco menos "amigável".
Nunca mais mudei de percurso.
Nunca mais larguei a bicicleta (só se estiver mesmo muito preguiçosa).
Pedalo 8km diários por gosto e por necessidade. Ando com frio e com chuva, se for preciso. Tenho um 'switch mode' que vou alternando entre o freestyle, ninja e trashbag. Descobri que afinal demoro o mesmo tempo que de carro, tenho sempre lugar cativo no parque de estacionamento e não me aborreço no trânsito. Volta e meia lá tenho que ouvir umas 'bocas' de condutores que gostam de espicaçar, mas nada demais. Com isso, posso eu bem!
Mas o que me lixa mesmo é o percurso que faço na ciclovia. Está em bom estado, é uma maravilha circular por lá, com excepção dos energúmenos que por lá andam. Na av. Duque d'Ávila existe um passeio com pelo menos uns 6 metros de largura, que surpreendentemente está sempre às moscas, pois as pessoas embirram em encher o metro e meio dedicado à ciclovia. Bem sei que é liso, sem sobressaltos, que é ideal para quem corre ou faz running, que é o sonho de qualquer pé de salto alto, que os carrinhos de bebé ali deslizam suavemente, mas na verdade aquela pista é para quem anda de bicicleta, ok? Não sejam gulosos, tá?
É que um bebé indefeso levar com uma bicicleta em cima não me parece lá muito bem. Os bebés adoram os solavancos da calçada e até adormecem (digo isto com conhecimento de causa). Pessoas que querem andar de andas têm que se sujeitar e ganhar a destreza de o fazer no nosso ex-libris pedonal. Runners desta cidade, saibam que correr na ciclovia é perigoso. Turistas de malas com rodinhas desviem-se quando vêm um ciclista a aproximar-se.
Hoje, aquando do meu slalom matinal, desviando-me dos inúmeros transeuntes, sem os alarmar (às vezes tocar a campainha é pior, porque as pessoas ou assustam-se e ficam sem reacção ou então tomam a pior decisão de se desviar para o lado errado e habilitam-se a levar com um ciclista de frente) um peão que circulava no mesmo sentido que eu, resolve andar para o lado no preciso momento em que estava a passar. Arre! Que ia atropelando um ser humano e ainda me estatelava no chão.
Epá, por favor! Peço educadamente que pensem no vosso bem-estar...
Na Holanda e na Dinamarca se os peões (turistas, aka trolls como eu...) se descuidam e vão para a ciclovia, levam logo um "Hey!" super agressivo de um nativo que nos faz saltar para fora da ciclovia com o coração aos pulos...
ResponderEliminarÉ uma questão de cultura. Só agora estamos as bicicletas como meio de transporte e não apenas como forma de passeio lúdico. Penso que será um questão de tempo (e de respeito).
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