"Abro a boca e engulo todos os sons que consigo. Depois, não os deixo sair."
6 de agosto
" Tinha gritos fechados no meu peito há tanto tempo, que quando os soltei, saíram corcundas."
12 de agosto
"Fui até às montanhas junto ao mar.
Lá em cima, abri a boca para soltar um grito que tinha ficado esquecido.
Não quis sair. Tive de o expulsar aos berros.
Os gritos quando passam muito tempo presos ficam uma porcaria.
Como os vegetais, no frigorífico."
excerto de "O livro do ano", de Afonso Cruz.
Eu sinto que por vezes há gritos que nem aos berros se libertam, por isso deixo-os sair em silêncio!
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