segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

A saga da passagem de ano!

Nunca morri de amores pela festa da passagem de ano.
Quando éramos mais que as mães, havia sempre alguém que amuava, armava confusão e acabávamos sempre divididos em pequenos grupinhos. Nunca havia consenso. Uns queriam a cidade, outros o campo, alguns deixavam a decisão sobre onde ir e o que fazer até à ultima. Este facto irritava bastante todos aqueles que gostavam de planear. Não me lembro de uma vez que tenha sido realmente memorável (pela positiva) e em que nada tenha corrido mal. Houve sempre qualquer coisa. Pois desta vez não foi excepção!

O plano mirabolante consistia em ficar em casa com as crias, sem grandes sobressaltos e debaixo das mantas. Com um espumante rasco e passas prontas a serem comidas na altura de pedir os desejos. No entanto, o Jaime trocou-nos as voltas e disse-nos que gostava de ir ver o fogo de artifício ao Terreiro do Paço. Ok, tudo bem. Rapidamente cedemos a essa vontade, porque também queríamos curtir um bocadinho. Afinal os Capitão Fausto iam dar um concerto às 23h, ou seja, também se aproveitava qualquer coisa. Depois lembrávamo-nos que da última vez que lá tínhamos ido não estava muita gente e havia imenso espaço para circular (até nos parecera um pouco decadente, verdade seja dita).

MAS QUE ERRO COLOSSAL! ESPAÇO! QUAL ESPAÇO? ONDE?

A saga começou quando saímos de casa e chegando ao metro havia "perturbações" na linha, pelo que devia demorar mais tempo que o normal. Quando finalmente chegou, estava a abarrotar, nem mais uma mosca lá entrava. Obviamente que chamámos um uber. Este desceu a Av. Almirante Reis e parou no Martim Moniz. Basicamente fizémos metade do caminho de carro. A Clara tinha dado os primeiros sinais de sono. A míuda imparável já estava a ceder.

Lá fomos até à Rua Augusta a pé e a Clara às cavalitas do pai. Quando estávamos quase a chegar ao cruzamento antes do Arco, olhei para ela, vi os seus olhos a enrolarem e o corpo a pender...ai ai! Passou para o meu colo antes de cair redonda no chão. Mal dei dois passos com ela nos braços e apercebi-me que estávamos no meio da multidão, sem conseguirmos chegar ao Terreiro do Paço. Encurralados!!! Tentámos furar o máximo que conseguimos, apelámos ao coração dos "cámones" que por ali andavam. Já só queríamos chegar a um sítio onde pudéssemos respirar. Lá conseguimos chegar à praça do Município, onde não vimos concerto nenhum, não ouvimos contagem decrescente (fizemos a nossa, pois também não foi o primeiro ano que tal aconteceu, em Évora foi com muito mais delay!) abrimos o espumante antes de tempo e comemos as passas sem pedir qualquer desejo. Foi lá que ficámos a ver metade do fogo, quando eventualmente conseguíamos ver. O Jaime fez a reportagem fotográfica e apesar de não ter a melhor perspetiva, tirou fotos com orgulho. Quando terminou, deu-se por satisfeito. A Clara dormia profundamente no meu colo, mesmo com o estardalhaço todo. Apesar de tudo não tinha sido assim tão mau!

Porém, a saga ainda não tinha acabado. Precisávamos de regressar a casa. Escolhemos tentar ir de metro. Afinal, as pessoas não iam todas para o mesmo sítio. Mas o problema repetiu-se. Imenso tempo à espera e o metro apinhado, só que desta vez enfiámo-nos quais sardinhas em lata. O Jaime completamente apertado no meio de tanta gente e o Zé com os nervos em franja, com a porta do metro a esborrachar-lhe a cara. Mas o problema maior apresentou-se na estação seguinte, pois as pessoas que lá estavam queriam mesmo entrar. O Jaime a ficar com menos espaço, eu também e o Zé à porta a tentar impedir a passagem dos energúmenos. Às tantas, insurgiu-se de forma acutilante e protestou veementemente (eufemismo para largou uma quanta asneirada), saiu do metro com a Clara (ao colo e a dormir). E lá fomos todos para fora.

Só que o trânsito estava caótico, já não dáva para chamar nenhum uber nem táxi e a única solução era ir a pé. O Jaime qual peregrino, só proferia o quão exausto estava e logo que entrou no hall do prédio, prostrou-se de joelhos no chão. A Clara sempre a dormir profundamente, o Zé carregou-a o caminho quase todo, pois sempre que volta e meia tentava levá-la, só aguentava uns escassos metros.

Quando finalmente chegámos, jurei para nunca mais voltar ao Terreiro do Paço em noite de passagem de ano. E declarei oficialmente que, desculpem lá qualquer coisinha mas, não gosto desta celebração!

ainda bem dispostos, faltava a 2º parte da saga!

foi isto tal e qual!

uma das fotos do Jaime




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